Páginas

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A infelicidade é o mal do século XXI

Renato Russo cantou que o mal do século é a solidão, agora eu digo que o mal do século XXI é a infelicidade. Estou impressionando com a quantidade de amigos que estão somatizando problemas emocionais como ansiedade e estresse com dores de cabeça que não passam, taquicardia, falta de ar, refluxos estomacais entre outras mazelas. Muitos estão fazendo terapia como tentativa de amenizar a insatisfação com a própria vida.

Penso muito a respeito, em determinado momento também frequentei a sala de um terapeuta tentando resolver alguns problemas da vida que de uma hora para outra começou a parecer mais complexa do que costumava ser.

Identifiquei duas principais causas da infelicidade nos meus amigos. A primeira tem a ver com a visão da sociedade para o que é uma pessoa de sucesso. Se você não é alto executivo de uma multinacional e troca de carro todo ano, você não é ninguém.

Não vou me alongar neste tópico, Roberto Shinyashiki, em entrevista para a Isto É, explica magistralmente como isso é fonte de sofrimento para as pessoas. É um texto que releio com freqüencia, veja um trecho abaixo:

Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. (leia e entrevista completa)

A segunda causa está relacionada com a moral cristã que tanto nos fode. Cada dia que passa odeio mais o cristianismo e suas várias denominações, que transformou o sexo e demais prazeres da vida em pecado, que diz que devemos ter medo de deus. Quem, em sã consciência, quer viver com medo e travar uma batalha diária contra os instintos, levando uma vida carregada de culpa? Religião é uma merda, deveria libertar as pessoas, e não torná-las escravas.

É comum me falarem que Jesus morreu por mim. Por que tenho que me sentir culpado por uma morte que aconteceu há dois mil anos e de uma pessoa que nem conheci? Se Jesus tivesse falado comigo, eu diria: - amigo, pára com essa história de que você é filho de deus. Se quiser ajuda para fazer uma revolução contra os romanos, eu ajudo, mas essa historinha de que você é filho dele é muito difícil de engolir. Vamos ali beber uma cerveja gelada.

Como disse Ricardo Coimbra, se Jesus tivesse morrido num sofá o mundo seria mais leve.


Também vejo muitos casais levando uma vida infeliz porque estão presos nessa falácia de que não se pode ter prazeres com alguém que não o cônjuge, que quando se ama não pode ter tesão por outra pessoa, que casamento requer a desistência da individualidade entre outras baboseiras. Homem e mulher levando uma vida em conjunto sem conversar, sem transar, apenas por convenção de origem cristã.

Some-se a isso a ilusão de que só é possível ser feliz com um par romântico, que somos seres incompletos e que precisamos de alguém para nos preencher e temos um prato cheio para a infelicidade.

Fico imaginando como seria o mundo caso o imperador romano Constantino não tivesse se convertido ao cristianismo, uma sociedade na qual nossos prazeres não precisassem ser reprimidos, sem culpa e medo. Levaríamos a vida de outra forma, mais feliz e leve.

Existem ainda muitas outras causas pela insatisfação com a vida. Podemos citar também o culto ao corpo perfeito, inatingível para a maioria da população.

Realmente estou assustado com a quantidade de pessoas insatisfeitas com a própria vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário